terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Há Tempos

Outras Sonoridades
no Heavy Metal


Txt Andreas Kisser
Eu sempre acreditei que não é somente a guitarra distorcida ou os berros insanos do vocalista que fazem a música ser pesada e agressiva, como todo bom heavy metal tem que ser. Mas, mais do que o equipamento, a atitude é fundamental para que o som saia com peso. Por isso que o Sepultura nunca teve medo de misturar outros estilos musicais nas suas composições, não importava se era um cello, um teclado ou um violão – a atitude e a mensagem da música sempre foi passada, independentemente do instrumento utilizado. E o contrário disto é verdadeiro também, ou seja, outros estilos viram no heavy metal muita melodia, beleza e suavidade, coisas que realmente existem no metal e que muitas pessoas não conseguem perceber ou sentir. Violoncelos, pianos, violões e até violas caipiras representam o metal com sonoridades diferentes e nunca antes imaginadas.

Um projeto fantástico que fiquei conhecendo há pouco é o Viola Extrema, dos violeiros Ricardo Vignini e Zé Helder, que gravaram um disco chamado “Moda de Rock”. Eles fazem versões de temas do metal com duas violas caipiras com arranjos muito bem elaborados e, apesar de tocarem um instrumento que é típico da música sertaneja, o som é muito pesado, cheio de atitude. Virtuosismo e bom gosto, originalidade e coragem, um projeto realmente muito interessante e que inspira. Temas de Metallica, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Megadeth e até Nirvana, Jethro Tull e, claro, The Beatles. Uma música do Sepultura foi influenciada pela viola caipira, a “Kayowas”, que foi gravada no disco Chaos A.D.. Então, é legal ver que agora o metal é que influencia a viola. A dupla também fez uma versão desta música. Assista aqui um vídeo sobre eles.

Outro projeto maravilhoso é o chamado Trezazez, que é um trio de violonistas clássicos brasileiros e que interpretam Iron Maiden. É inacreditável o efeito que eles conseguem com estas versões. Eu já escutei muitos trios de violões, e até quartetos e quintetos fazendo coisas incríveis, mas sempre tocando temas de compositores eruditos como Vivaldi, Bach e Leo Brouwer. Ouvir Iron Maiden neste formato é realmente novo. Formado pelos violonistas Estevan Sinkovitz, Luque Barros e Caio Andrade, eles abriram uma porta gigantesca para o repertório feito para trios de violonistas.

Veja aqui esta interpretação que eles fizeram na Virada Cultural de São Paulo em 2009 da música “Losfer Words (Big´Orra)”, três violões eruditos em clima de Monsters of Rock.

A primeira vez que ouvi o heavy metal de uma maneira diferente foi com o Apocalyptica, grupo de cellos da Finlândia que faz versões de metal, principalmente do Metallica, uma das bandas mais interpretadas de maneiras diferentes. Um exemplo é o Beatallica, que toca Beatles como se fosse Metallica. Muito engraçado na verdade, mas muito bem elaborado e executado.

Metallica no estilo blue grass é fantástico também, com o grupo Iron Horse. Assista aqui a um vídeo deles.

Pat Boone, lendária voz americana, no patamar de Tony Bennet e Tom Jones, gravou um disco em homenagem ao metal bem ao seu estilo, com grande orquestra e arranjos grandiosos. Ficou muito bom, o disco se chama “No More Mr. Nice Guy”, música de Alice Cooper e que foi gravada pelo Megadeth também. O reality show de Ozzy e sua família, “The Osbournes” tem como tema de abertura a “Crazy Train” com Pat Boone, é hilário. Veja aqui uma versão de “Enter Sandman”, do Metallica.

Para quem não gosta da barulheira do heavy metal, mas quer conhecer um pouco de suas melodias e estruturas, este caminho é um bom começo. O metal é muito mais técnico, melódico e harmonioso do que muita gente pensa. Enjoy!

Abraço, play it loud!

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